quinta-feira, 14 de abril de 2011

Entrevista com Catarina Zimbarra



"Os casamentos chegaram como um desafio, um novo objectivo e uma vontade de reinventar momentos especiais que estavam tão  banalizados e descaracterizados".
(Catarina Zimbarra)



 
 

Como iniciou a sua carreira de fotógrafo de casamento e qual foi o seu percurso?

Nunca pensei em ser fotógrafa de casamentos. Eu adorava fotografar cidades, o meio urbano, e muito pouco pessoas. 

E de repente, faz agora quase 7 anos, é o que mais gosto de fotografar. Pessoas. Sentimentos. Cumplicidades.
Foi num casamento de uma amiga que descobri que podia captar mais que as imagens tradicionais daquele dia. Uns pés que dançam, uns olhares no horizonte, as gargalhadas escondidas. 


Lancei-me assim numa época em que poucos tinham um olhar tão criativo e onde eu podia dar asas à imaginação, rasgar o convencional e abraçar esta nova paixão. 

Os casamentos chegaram como um desafio, um novo objectivo e uma vontade de reinventar momentos especiais que estavam tão banalizados e descaracterizados.

Voltando bem atrás no tempo…tudo começou muito nova, ainda antes de tirar cursos e ensinamentos académicos. Com o meu pai aprendi as bases da fotografia, a paixão pela revelação e pela película.



Acha que qualquer fotógrafo pode-se tornar num fotógrafo de casamento?

Qualquer fotógrafo pode fotografar casamentos sim, mas terá a qualidade e terá em si a dedicação necessária? Isso já não acredito. Acredito sinceramente, que temos que ter a sensibilidade necessária para captar imagens assim. 

Não basta ter uma máquina, ou mesmo ter a técnica. A sensibilidade, o bom gosto, a dedicação, muita dedicação, a criatividade, o prazer, a ambição de fazer melhor e sobretudo a exigência em darmos o melhor a cada um em especial. Ser cada vez melhor.

Muitos são os fotógrafos hoje que vêm de outros meios na fotografia, a entrar no mundo dos casamentos.  Não acredito que possamos ser bons em muitas áreas  quando a dedicação não é profunda a uma delas. Mas eu sou exigente, muito exigente. E para mim, não basta oferecer o bom, tenho que oferecer o melhor, a qualidade, o profissionalismo, a simpatia,o empenho num dia tão longo, e as expectativas são sempre enormes. 

O que me faz querer fazer sempre melhor, são os testemunhos dos meus clientes quando me dizem: “Superou em muito as nossas expectativas que já eram muito elevadas”. Assim dá vontade de crescer, de evoluir e só assim me sinto mais viva. Sentir que também nós estamos a evoluir como fotógrafos e como pessoa é maravilhoso, e eu jamais conseguiria estar estagnada, numa rotina, sentir que nada mais tenho para aprender ou para oferecer de novo. 


Por isso não recorro a poses pensadas ou trabalho de estúdio. Preciso sentir a novidade para ter mais prazer e só assim conseguir o melhor.




Quais acha que são as principais características que um fotografo de casamento deve possuir?

Sensibilidade, dedicação aos seus clientes, estar presente sem se fazer notar, uma imagem elegante e profissional, discrição, criatividade e muita paixão pelo trabalho. Não obrigatoriamente por esta ordem.
 

Das fotos que tirou até hoje, qual a sua preferida?

Seria muito difícil eleger uma fotografia das milhares que tenho. Muitas pela luz conseguida, outras pela dificuldade do momento, e mais outras tantas pela autenticidade da imagem, emotiva e verdadeira.

Há uma fotografia, ou melhor, duas , que posso dizer que adoro. Não são as fotografias mais belas de casamento ou sequer um momento apaixonado. Mas julgo representarem o que sou, o que me define, a maneira como me entrego a cada casamento.
A primeira, porque adoro fotografar pés e foi assim que tudo começou. Há 7 anos, não se via um fotógrafo de casamentos a fazer fotos dos pés. Aliás, eu era conhecida como a fotógrafa que fotografava pés. Uma curiosidade que até hoje me faz sorrir. 
E estas fotografias em especial foram registadas num momento especial. Estava a chover imenso e não havia qualquer sítio para nos abrigarmos. Sabíamos que os noivos iam sair da igreja a qualquer altura e as pétalas iam ser lançadas. Para onde haveria de ir? Só tinha uma solução: sair para a rua. A minha assistente segurava o chapéu e eu fazia o que podia com a criatividade que me era exigida. Assim, mexi-me como pude e consegui fazer esta fotografia dos pés, no segundo que eles saíram, e foi mesmo um segundo. No segundo seguinte, eles corriam para o carro. Essa é a segunda imagem. Com um chapéu qualquer, emprestado ao acaso, saíram da igreja a chover e depararam-se com uma barreira de “admiradores” que passeavam no Chiado molhado. 

São pequenos momentos assim, que ficam na memória. Na minha ficam com certeza, e melhor ainda, conseguir eternizá-los em papel.

O que retiro sobretudo destes momentos, é a minha destreza a fotografar sobre chuva, a dificuldade do tempo (segundos) que não se tem e o conseguir mesmo assim imagens lindas, com a criatividade exigida e a verdade conseguida.



Que conselhos quer dar aos futuros noivos?

O único conselho muito sincero que dou aos noivos, tem a ver com a escolha do fotógrafo. Escolham alguém por quem sintam empatia, conheçam esse fotografo pessoalmente, e escolham alguém que vos dê a certeza de conseguir eternizar para sempre um dia único. A fotografia ficará para toda a vida.


Catarina obrigada por partilhar connosco o seu trabalho e desejamos-lhe as maiores Felicidades tanto profissionalmente com pessoalmente!

Visite o site e o blog da Catarina.

Sem comentários:

Enviar um comentário